Quem sou eu

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Quem sou eu? Ainda não sei. Tô tentando descobrir. SE descobrir, aviso.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aqui Jaz

Aqui jaz - Parte I
*04-11-1971
+04-11-2011
Foram (quase) quarenta anos de um casamento que virou pó com uma facilidade espantosa.
A frase dele:
“Você é boa pessoa, mas....”
A frase dela:
Você é boa pessoa. Por isso mesmo....”
Venceu a dele. E ponto final.
Aqui jaz - Parte II
*04-11-1971
+04-11-2011

Pensando bem, o casamento foi como as casas que os dois tiveram.  (Ou será que foi o contrário?)
Entrava-se com tudo improvisado, e improvisado ficava. De vez em quando, muito de vez em quando, comprava-se alguma coisa nova. A cama do casal, por exemplo, nunca foi trocada. Faltava dinheiro, faltava  tempo,  faltava saco, faltava o quê?  Talvez o que faltasse mesmo era vontade. Aquela garra que algumas pessoas têm de querer melhorar, construir,  renovar.
Viveram 37 anos no mesmo apartamento. Sem reforma nenhuma. Olhando sempre a mesma paisagem pela mesma janela. Até que ela sacou que, se não se mexesse, ia continuar ali, e assim, pelo resto da vida. Ele partiu para outro relacionamento. Ela, para outra vida.
Aqui jaz - Parte III
*04-11-1971
+04-11-2011

"Ela não me estimula, não é mais mulher, não é mais companheira,  e eu não estou bem, eu estou em crise, eu.... eu...eu....."
O "eu" sempre presente no discurso. O "nós", nunca.
Mas, e ela? Será que estava bem? Feliz ao lado dele? Ele nunca se perguntou isso?
Ela se calou. Aceitou sua imobilidade, o semblante pesado, o humor cada vez mais cáustico, a irritabilidade, seu desencanto com a vida.
Ele foi vivendo uma vida à parte. Amigos, viagens, almoços e jantares não mais compartilhados. Ela, presa às  obrigações profissionais e domésticas, continuou calada. Tinha bom humor, sentia-se preenchida pela vida que levava. Achava que, apesar dos pesares, ele ainda valia a pena. Enganou-se. Descobriu que quem não valia nada para o homem com  quem viveu quatro décadas era ela.
Aqui jaz - Capítulo final
*04-11-1971
+04-11-2011

Mas sabe aquele lance da Fênix? Pois é. Ela acredita na história. E decidiu seguir à risca o Manual das Viúvas sem Velório:
1. Esquecer o passado e o ex.
2. Não ficar querendo saber o que ele está fazendo ou deixando de fazer. Isso não interessa mais.
3. Olhar para si mesma.
4. Fazer planos, criar objetivos, definir prazos.
5. Fazer agora o que sempre quis fazer e nunca conseguiu.
6. Ah... Sim. E olhar para os lados. Pode valer a pena.