Claro que é doído deixar o filho para ir trabalhar. Mas a gente aprende a conviver com isso também. |
Foi muito difícil para mim, muito mesmo, me separar do meu filho tão pequeno. Ainda mais eu, que sempre padeci da síndrome da supermãe. Nunca superei, na verdade, a culpa de não ter passado as 24 horas do dia olhando para a carinha dos dois. Mesmo depois que cresceram. Toda vez que o telefone tocava na minha mesa, na redação, meu coração dava um pulo.
"Será que está tudo bem lá em casa?" Não, nem sempre estava... Uma hora era o Paulo que ligava, nervosíssimo, dizendo que o Pedro tinha jogado TODOS os brinquedos dele pela janela e que ele ia matar o irmão. "Põe o Pedro no telefone", eu pedia.
Lá vinha o outro, aos prantos, reclamando que o irmão estava esganando ele. Pior foi o dia em que a vizinha me ligou, com um fio de voz, para dizer que estava vendo, da sua janela, "os meninos" andando no beiral do prédio, lá em cima, na cobertura, 14º- andar. Eu peguei a bolsa e saí feito uma louca para casa, rezando no caminho. Mas o final da "tragédia" foi feliz: "os meninos" estavam inteiros. E no térreo.
Quando a gente trabalha fora, o que mais desgasta é ter de se dividir em duas: cumprir as obrigações profissionais e monitorar a casa e os filhos a distância, ou pelo telefone. Claro, a gente acostuma, mas que é doído, é. Certos dias eu tinha vontade de mandar tudo às favas – salário, carreira – e ficar em casa, ao lado deles, principalmente quando adoeciam. Só agora, com os "meninos" crescidos – um tem 16, o outro 21 –, é que posso dizer, do fundo do coração, que tenho o maior prazer em trabalhar. É uma sensação maravilhosa que, tenho certeza, você também vai experimentar um dia. Até lá, só o que posso lhe dizer é: Agüente firme!
Abraço carinhoso, Vera Magyar
Editora-chefe
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